sexta-feira, 21 de outubro de 2016

"Assim que eu vi aquele cabelo muito curto, com o rabinho atrás, vou confessar que nem gostei..." Entrevista: Mayara Magri


Não há como reverenciar A Gata Comeu sem tirar o chapéu para Mayara Magri. Se o clássico da saudosa Ivani Ribeiro é considerado por muita gente - inclusive pelo próprio aqui – a novela que melhor representa os anos 80, em muito se deve à energia, à jovialidade, ao visual pra lá de exótico e à própria trilha sonora da Babi Penaforte, personagem vivida pela atriz paulista, então com 23 aninhos e no auge de sua carreira.

Sua trajetória na telinha começou um pouco antes daquele inesquecível ano de 1985, marcado pelo fim do regime militar no Brasil e a primeira edição do Rock In Rio. Em 1981, ela estreava na novela da Rede Bandeirantes Os Adolescentes, da mesma Ivani Ribeiro. A estreia na Globo veio em 1984, quando deu vida à Rosemary de Amor Com Amor se Paga, de quem? Ivani Ribeiro, a mãe da nossa querida Gata!

Mayara em foto recente. #ContinuaGata!

 Um ano depois, chegou a vez de Mayara cortar os cabelos (mais detalhes, hilários, sobre o fato na entrevista abaixo, hahaha...) e encarar um dos mais importantes papeis de sua carreira: a rebelde e, ao mesmo tempo, carente e romântica filha do casal mais maluco da trama – senão, um dos mais malucos da história da TV! -, Tereza e Gustavo Penaforte (Marilu Bueno e Cláudio Correa e Castro), ou melhor dizendo, nossos inesquecíveis e tão queridos Tetê e Gugu. 


O que dizer da “Bonitófera”? Do xodó da Dona Biloca, que fisgou de tal forma o coração do Braguinha que o fez virar cego mesmo enxergando melhor do que ninguém... o que dizer? Melhor não falar, apenas ouvir e cantar bem alto o seu tema (mais anos 80, impossível!): “mas o que ela gosta é de namorados descartáveis... do tipo one way, do tipo one way, do tipo one way...”. Nosso carinho e admiração por você não são nenhum pouco descartáveis, Mayara! Amamos você ontem, hoje e sempre. Confira entrevista que realizamos, na manhã de hoje, com essa fofura de menina (sim, ainda hoje!)


Anderson Maia (AM): Como foi o primeiro contato da Mayara com a Babi? Houve teste com outras atrizes?
Mayara Magri (MM):
Não. Não houve teste. Eu já tinha feito na Globo “Amor com Amor se Paga”, eu ainda era contratada e aí recebi o convite do Herval Rossano pra fazer a Babi. Naquela época, era mais difícil por teste. Você era convidada pelos seus trabalhos anteriores. Raramente se fazia um teste pra papel.

AM: A Babi era a cara dos anos 80. Suas roupas, seus brincos, seu colorido, o rabicho no cabelo, que é lembrado até hoje, até mesmo a sua trilha sonora. Você sente falta daquela época?
MM: Eu sinto falta. Eu acho que os anos 80 eram mais românticos, mais ingênuos e pra mim foi o meu auge mesmo, fazendo a Babi, depois fazendo outras novelas, mas “A Gata Comeu” foi o grande auge da minha carreira. Muita bacana mesmo os anos 80.

AM: E você representou muito bem ele, né? você representou a geração 80 na TV, no cinema... enfim, como se sente?

MM: Realmente, marcou muito a minha imagem nos anos 80, eu fiz muita coisa. O mais bacana é que as pessoas até hoje se lembram muito de mim e das novelas que eu fiz nessa década. E ninguém esquece, parece incrível. Me dá o maior orgulho!

AM:
A Babi começou a novela um tanto quanto rebelde. Contrariava os pais, vivia um namoro não aprovado por eles. Depois, foi se tornando madura, descobriu um verdadeiro amor, sofreu por descobrir ser enganada pelo falso cego, mas o perdão logo veio. Como foi interpretar essa personagem tão marcante da novela?

MM:
Foi interessante, porque ela era uma adolescente muito rebelde, sempre ia contra os pais, ela só contava com o carinho da avó. Aquela mãe dela que era completamente louca (risos). Depois, começou a sentir uma paixão por uma pessoa, descobriu que essa pessoa enganava ela... mas, ao mesmo tempo, ela tinha conhecido a paixão, que a fez amadurecer e também perceber que o Tito era um bandido, como todos diziam. Ela foi amadurecendo junto com a novela.

Em A Gata Comeu: primeiro, o bandido; depois, o falso cego (mas com este foi amor mesmo!)

AM: Não dá pra falar em A Gata Comeu sem citar e dar gargalhadas dos antológicos Gugu e Tetê, seus pais na trama. Como era atuar ao lado da Marilu e do Cláudio e participar de cenas tão hilárias? Vocês se divertiam?
MM:
a gente se divertia o tempo todo, a Marilu era muito engraçada, o Cláudio também, dois grandes atores.  Ela começou a me chamar de “Bonitófera” (risos), ela que inventou esse nome. A gente se divertia muito, foi muito legal mesmo. Nossa, eu tenho muita saudade, muita saudade dessa época!

 
AM: teve alguma cena especial de fazer? conta pra gente alguma curiosidade dos bastidores.
MM
: Não lembro, sinceramente, já faz tanto tempo... mas a cena final do baile, que estava todo mundo fantasiado, foi muito engraçado. Foi uma cena hilária, todo mundo com aquelas fantasias. Foi bem bacana.

 
AM: Recentemente, você presenteou-nos, no Facebook, com relíquias de seu acervo pessoal. Fotos com o elenco, muito provavelmente nas gravações em Angra, no fim da novela. Como era a convivência entre o elenco? uma família mesmo?
MM:
No final, sim. Porque aí juntou todo mundo indo pra essa ilha, né? Aí ficou todo mundo junto, porque no começo da novela eu, por exemplo, não fui para a ilha. No fim, foi o elenco todo e foi uma viagem muito bacana. Eu tenho outras fotos aqui e vou mandar pra você.


(#Obaaaaa!!!)

Bastidores das gravações na ilha: "foi o elenco todo e foi uma viagem muito bacana". #TambémQueriaTerIdo #snif :(

AM: Você é um ícone da televisão e, em especial, dos anos 80 e 90. Brilhou não só na Gata, mas em outros sucessos como Roda de Fogo, Salomé, O Salvador da Pátria e Éramos Seis (esta última do SBT). O que representa atuar para a Mayara?
MM:
Atuar pra mim é a vida, é a paixão, é o prazer, é o que eu sei fazer, eu não saberia fazer outra coisa. Quando você atua, você está plena, entregue praquela situação daquela personagem. Foram grandes novelas, grandes personagens, grandes momentos. Tenho muita saudade de estar podendo dar voz e vida a personagens da televisão.


AM:
Além de talentosa e com excelentes trabalhos, você também era o sonho de muito marmanjo. Como você sempre lidou com a fama e o sucesso?

MM:
Por incrível que pareça, eu nunca achei que o sucesso fosse uma coisa muito importante no sentido da pessoa ficar “besta” ou ficar “metida”. Pra mim, sucesso foi sempre a consequência do meu trabalho, de chegar até as pessoas, meu prazer, minha paixão. Eu sei que foram anos muito importantes pra mim, mas tudo o que eu busquei sempre foi melhorar cada vez mais como atriz. Nunca falei “ah, agora eu tô famosa, tá tudo bem”. Nunca foi assim.


AM: Você também fez muita coisa no cinema e, principalmente, no teatro. Tem alguma preferência por atuar em determinado meio?
MM:
Na verdade, eu me formei na escola de arte dramática daqui de São Paulo, na USP, e fiz muito teatro. Tenho feito, ultimamente, muito teatro ainda. Desde os clássicos de Shakespeare, acabei de fazer Elza & Fred”, uma comédia argentina, que foi muito bacana. Cinema eu fiz menos, apesar de ter ganho muitos prêmios com cinema, foi o veículo em que eu menos trabalhei, mas eu amo do mesmo jeito. Teatro é a minha vida, tenho feito todos esses anos, eu nunca parei de fazer teatro.

AM: Próxima segunda, A Gata Comeu volta pela quarta vez às telinhas. Deve ser mágico ver a si própria trinta anos atrás. Como você costuma reagir? Pretende assistir?
MM:
Claro que eu vou assistir e vou ficar com uma pontinha de saudade. Não posso criticar o meu trabalho, eu era muito jovem. Com certeza, hoje eu sou uma atriz muito mais madura, mas eu vou assistir com muito carinho. Foi uma novela muito marcante, marcou minha vida, marcou minha carreira, marcou a vida de muitos e muitos jovens, que na época eram crianças. É muito especial essa novela pra mim e pra muita gente.

AM: Já no primeiro capítulo, a Babi surge com tudo: um cabelo com rabicho, pochete na cintura, short curtinho, blusa colorida, enfim... você esbanjou “moda a la 80” na Gata. Engraçado rever tudo isso?
MM:
É engraçado mesmo. Na época, a gente usava muito dessa pochete, principalmente no Rio de Janeiro. Era, assim, super moda. Eu tinha um cabelo grande, liso, reto... de repente, cortei daquele tamanho, curto. Assim que eu vi aquele cabelo muito curto, com o rabinho atrás, vou confessar que nem gostei, mudou muito. Daí, de repente, as pessoas começaram a copiar (risos). Foi muito legal! É uma outra época, gente, faz tanto tempo já, a vida passou tão rápido, né? Puxa vida...

Babi com os pais, os hilários Tetê e Gugu, em cena do primeiro capítulo da "Gata"


AM: quem nesse mundo não queria ser presenteado em ter "Heaven", do Bryan Adams, como trilha sonora exclusiva de sua história de amor? O que representou A Gata Comeu para a Mayara Magri?
MM:
Representou um marco na minha vida. Eu acho que “A Gata Comeu” realmente mudou a minha vida como um todo. A música é linda, adorava a música! Nossa, gente, foi um sucesso, foi tudo muito lindo... foi um presente, um grande acontecimento, eu tinha 23 anos. Eu fui muito, muito feliz!

AM: Uma legião de saudosistas não esquece, até hoje, a Babi, a Justina, a Helena, a Camila, a Mônica (personagens da Mayara em diversas novelas)... manda um recado pra toda essa gente que te adora, em especial, aos fãs da Gata.
MM:
Eu quero agradecer a todo mundo que sempre gostou do meu trabalho, sempre me acompanhou, e dizer que eu amo vocês, eu amo esse grupo “A Gata Comeu” (do Facebook). Vocês colocam coisas muito bacanas, a gente lembra com tanto amor desse tempo e eu tenho certeza que vocês também. Quero mandar um beijo pra vocês e muito obrigada por vocês serem meus fãs até hoje e estarem comigo me prestigiando nas coisas que eu faço.

#AGenteTambémTeAmaMayara #BabiNoViva


 

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